dois horizontes fecham nossa vida:
um horizonte, — a saudade
do que não há de voltar;
outro horizonte, — a esperança
dos tempos que hão de chegar;
no presente, — sempre escuro,
vive a alma ambiciosa
na ilusão voluptuosa
do passado e do futuro.
os doces brincos da infância
sob as asas maternais,
o vôo das andorinhas,
a onda viva e os rosais;
o gozo do amor, sonhado
num olhar profundo e ardente,
tal é na hora presente
o horizonte do passado.
ou ambição de grandeza
que no espírito calou,
desejo de amor sincero
que o coração não gozou;
ou um viver calmo e puro
à alma convalescente,
tal é na hora presente
o horizonte do futuro.
no breve correr dos dias
sob o azul do céu, — tais são
limites no mar da vida:
saudade ou aspiração;
ao nosso espírito ardente,
na avidez do bem sonhado,
nunca o presente é passado,
nunca o futuro é presente.
que cismas, homem? – perdido
no mar das recordações,
escuto um eco sentido
das passadas ilusões.
que buscas, homem? – procuro,
através da imensidade,
ler a doce realidade
das ilusões do futuro.
dois horizontes fecham nossa vida.
joaquim maria machado de assis, escritor que nasceu no rio de janeiro a 21 de junho de 1839, e lá morreu em 29 de setembro de 1908.
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